Diria que os meus pais me têm roubado a alegria da vida. Isto atinge dimensões absurdas, a pressão para finalizar o curso é ridiculamente idiota, será que não conseguem entender que o facto de ainda não o ter acabado é circunstância de um conjunto de factores entre os quais a dificuldade do curso?! Estarei errado, ou com 21 anos e com 9 cadeiras por fazer do curso, não estou assim tão 'atrasado'!?
Em tempos me disseram que não acabaria o secundário, erraram, especialmente o meu pai, que pouca ou nenhuma fé têm na minha vocação, relativamente à minha mãe tornou-se uma verdadeira neurótica com a faculdade, o desejo de ter um filho licenciado, como se isso me fosse tornar mais homem, ou assim é tal, que se torna absurdo. Ando nisto se não me falham as contas à pelo menos 5 anos, mas estou saturado, até à ponta dos cabelos!
Prestes a possivelmente fazer dos melhores semestres de todo o meu percurso académico, ainda me fazem esta conversa, enfim, é completamente lamentável, provavelmente não foi o curso que escolhi mal, escolhi mal foi a 'liberdade' que lhes dei para me afectarem.
Luís:
ResponderEliminarcreio que esta é a primeira vez que me manifesto perante um texto teu, mas o tema é demasiado interessante para deixar passar em branco.
Na minha modesta opinião (talvez errada, também), ter um filho é o maior acto de egoísmo de que o ser humano é capaz. Porque ninguém pede para nascer. Ver nos filhos (que deviam nascer para serem do mundo e não de dois seres semelhantes que aprendem a amar e chamar pai e mãe) o prolongamento de si mesmos é o segundo maior ... Ninguém nasce para ser o prolongamento de ninguém, ninguém devia nascer para realizar o sonho de terceiros, mesmo que tenham sido estes a dar-lhes a vida. Os pais acham que querem sempre o melhor para os filhos.
Um canudo na mão é um sonho comum a muitos pais. Mas quantos se interessam por aquilo que os filhos realmente querem? Quantos se interessam pelas suas preocupações? Cada pessoa tem a sua personalidade, os seus gostos, o seu ritmo. Cabe, pois, a cada um, zelar pela sua própria liberdade, para que possa crescer enquanto indivíduo social mas independente e único. Afinal, que interessa um canudo em três anos?
A maior e melhor escola continua a ser a da vida.
A verdade é que sinto realmente o sufoco. É a forma deles encararem a vida, provavelmente devido ao que viveram, mas a verdade é que estão a interverir comigo e arrisco que a dizer com o meu desempenho. Já lhes fiz questão de dizer, que quando acabar o curso a vitória será inteiramente minha. Enfim.. É suportar um pouco mais o insuportável.
ResponderEliminarA vitória será tua, isso é certo, mas é perigoso acharmos que conseguimos tudo sozinhos. Agora deves sentir-te irritado, pressionado, sufocado (e isso é totalmente compreensível, acredita); mas isso irá passar. As pessoas que (supostamente) mais deviam amar-nos, compreender-nos e proteger-nos também falham. E a grande maioria das vezes falham devido a um único e quase ridículo motivo: amam.Tudo é falível. O erro humano é o mais comum.
ResponderEliminarNão me vou alongar mais, porque não conheço a tua situação familiar e quase parece presunção da minha parte falar desta forma, mas se há (des)ententida no campo familiar sou eu.
Por isso, esquece o resto e, por enquanto, redirecciona a tua energia para aquilo que é realmente importante neste momento. =)
Lembrei-me de um texto que escrevi um dia destes (desculpa pelo facto de ser enorme e ocupar montes de espaço mas depois apaga):
ResponderEliminarNão me sonhem. Não me idealizem. Não tentem descortinar a minha felicidade por entre lágrimas ou a minha tristeza escondida num sorriso. Não tentem.
Não me conhecem em cada sonho que me surge no peito enquanto encosto a cabeça ao céu. Não sabem o que eu sofri. Não compreenderão a minha sede de infinito ou o meu descontentamento constante. Não conseguirão entender a contradição que é ser-se feliz com coisas simples e, ao mesmo tempo, querer tudo. Sentir o mundo na palma das mãos.
Não me sonhem. Não me idealizem. Eu sou o que se vê e não sou nada do que julgam ver em mim. Perco-me para que não tentem encontar-me. Erro. Vacilo. Caio no pó do caminho. Levanto-me de joelhos esfolados e cabeça erguida. O sol ou a chuva tentam impedir-me de prosseguir mas não quero voltar atrás.
Não me sonhem. Não me idealizem. Se, na verdade, nem me vêem, como poderiam fazê lo? Como podem pensar que me conhecem? Julgam-me. Julgam o meu sorriso. Julgam a minha ira. Julgam que eu sou assim porque sim. Não sabem nem nunca saberão que a vida me transformou no que sou. Não me sonhem. Não me idealizem. Não.
Deixem-me ser.
Eu li esse teu texto e está brutalissimo. Imagino-me verdadeiramente a dizer tais palavras, como tal identifico-me bastante nele. =)
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